terça-feira, 10 de julho de 2012

Vida de dona de casa não é fácil. E quando digo dona de casa não é só para as mulheres que não tem um trabalho remunerado fora, mas para todas nós que de alguma forma cuidamos do nosso lar.
Quando li esse texto me identifiquei tremendamente. Acho que a vida tem que ser assim mesmo, nada de dramas e complicações, viver é mais importante. Mas é claro que de vez em sempre bate aquela neura de que se tem que fazer mais, ou quando chega alguém e a casa está virada e bate aquela vergonha, hunf. Mas pela primeira vez aqui no blog deixo uma frase que costumo usar muito: faz parte.
Então, segue o texto desse autor maravilhoso, que tem a ver comigo...





Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vindo.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

(Carlos Drummond de Andrade)

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